
Era noite de festa, não diferente das outras, mas ela tinha um ar especial. A mesa de jantar estava recheada, com todas aquelas comidas caseiras. Era dia das mães.
Tinha uma menina na janela, sozinha, não havia uma alma viva naquela hora da noite nas ruas da cidade. Tinha os cabelos encaracolados como uma mola e os olhos escuros que se tornavam claros quando olhava para as estrelas.
Aproveitava a ausência de seus responsáveis para ficar debruçada na janela vendo o único show que não poderia passar na televisão. Aliais, ela abria mão de seus brinquedos e TV, para simplesmente contar as estrelas. Sabia que seus pais não tinham condições de lhe dar tudo, então se contentava com aquilo que era de graça, que fica acima de sua cabeça, mas que ninguém parava um segundo para ver, pois se preocupavam demais com o horário de seus compromissos.
Incrível como não havia uma nuvem no céu, parecia que as estrelas estavam posando só para ela, então resolveu pegar papel e lápis para começar a desenha-las. Esforçava-se ao máximo para fazer o melhor desenho possível, queria dar de presente de natal para sua mãe. “Eu tenho certeza que a mamãe vai amar”, pensava a menina ainda debruçada em cima da janela.
Ouviam-se passos de dentro da casa, era seu irmão mais velho que preocupado veio correndo em direção da sua irmã, tirando ela de cima da janela.
- Você está louca? Podia ter caído, sabia?
- Só estava vendo as estrelas... – Mantinha o olhar fixo para a janela.
- De novo com essa história de estrelas? Já temos problemas demais, fica direitinho aqui, certo? – Ele a colocava no chão e saía.
- Porque seus olhos estão tão vermelhos? Responde-me! Volta aqui... – Tarde demais, ele já havia saído.
Sentou-se no chão e abaixou o rosto, começando a fungar baixinho, como se estivesse começando a chorar. Lembrava então do papel que estava em sua mão, aquele que havia desenhado para sua mãe com tanto carinho.
Sentou-se no chão e abaixou o rosto, começando a fungar baixinho, como se estivesse começando a chorar. Lembrava então do papel que estava em sua mão, aquele que havia desenhado para sua mãe com tanto carinho.
Foi correndo para o quarto, saltitante. Tinha certeza que sua mãe iria adorar a surpresa, ela sempre gostava de seus desenhos. Abriu a porta com bastante cuidado, viu seu pai em pé em frente da cama. Aproximou-se dele, e viu que sua mãe estava deitada, dormindo. A menina passou reto dele e foi até onde estava sua mãe e mostrou-lhe o desenho, mesmo ela estando desacordada. O pai estava um tanto nervoso, parecia que havia levado um choque emocional. Chegou perto da menina e a pegou a no colo, indo em direção á janela e apontando para a estrela que mais brilhava no céu.
- Minha filha, a sua mãe virou uma estrela. Ela sempre vai estar com você.

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